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domingo, 12 de novembro de 2017

Qual foi sua experiência quando se produzem conflitos entre direção e produção?

Qual foi sua experiência quando se produzem conflitos entre direção e produção?

Posso dizer que foram as piores experiências possíveis. Odeio trabalhar com profissionais do cinema, são osmaiores egos do mundo.

Prefiro chamar pessoas que ainda não são profissionais, mas que tem algum conhecimento e vontade de colaborar, porque estas pessoas estão interessadas em aprender e ajudar. 

Com essas pessoas não tenho problema nenhum em ensinar, explicar, e conversar. Mas detesto pessoas que acham que sabem de tudo e que não confiam em você. Eu já fui refém da equipe certa vez.

 Entrei num filme (produção da escola de cinema) como diretor, porque o diretor anterior tinha saído da produção. Quando eu entrei , a equipe não confiou o filme em mim. Eles tomavam decisões sem o meu consentimento e não me permitiram ficar envolvido em todas as partes do processo. 


Me excluíram de uma série de partes do filme. Não pude escolher roupas, móveis etc. Fiquei responsável apenas em falar com os atores, e por sorte, os atores ficaram do meu lado. 

Mas durante a filmagem, a diretora de fotografia não queria fazer os takes da maneira como eu tinha previsto. O produtor se meteu, quis fazer o “TAKE DO PRODUTOR” e com toda essa baderna eu perdi o controle do filme, o filme ficou na mão da equipe que também fez o curso de porcelanato liquido online

No momento final a editora do filme não me permitiu acompanhar a edição para fazer minhas escolhas. Ela editou da maneira dela. 

Enfim, sofri um motim da equipe, fiquei de fora do filme, apenas como uma peça sobressalente de uma outra pessoa, sem muita utilidade. Foi uma experiência horrível, me senti péssimo, esculachado, jogado no lixo. 

No final, o filme ficou péssimo, com tudo o que a equipe queria. E eu ainda fiquei mal na história, como se tivesse jogado “contra o time”.


Foi minha primeira experiência em película. A partir daí decidi que só convidaria para as minhas produções pessoas com quem eu tivesse alguma afinidade, e que não participaria de produções alheias em funções criativas, apenas em funções “manda que eu faço”.

 Ajudo sempre que posso em qualquer coisa, mas não costumo dar pitaco. Se estou em produção alheia, sou respeitoso com as decisões da pessoa, por mais que eu não concorde. Sou do tipo: “FAZ SEM PENSAR”. 

Eu faço o que me pedem e não penso muito a respeito, cada um tem suas motivações e maneiras, acho péssimo questionar as decisões de um diretor. O filme é do cara, deixa ele filmar.

sábado, 11 de novembro de 2017

Você é dos que sentem uma flechada ?

Você é dos que sentem uma flechada quando acaba de fazer a tomada boa ou dos que fazem outras três para se cobrir?

Não conheço essa sensação, mas quando faço uma boa tomada geralmente eu sei. Vez ou outra descubro na edição que algo está realmente bom.

 Costumo filmar encenação entre atores pelo menos duas ou três vezes para garantir opções em caso de falhas imperceptíveis na hora da filmagem.

 É uma forma de garantir tempo, afinal, é muito triste ter que produzir tudo de novo para refilmar algo que você já filmou. 

Detesto reproduzir uma cena que eu já tenha feito, tira toda a vida e espontaneidade da cena. é cansativo e lamentável

Que tipo de indicações você costuma dar ao diretor de fotografia?

Eu faço a fotografia. No máximo peço opiniões de pessoas que eu saiba que tem uma boa noção de iluminação e fotografia. 

mas tenho muita dificuldade em me libertar da câmera para cuidar apenas da atuação. Vejo tudo de forma muito conectada, não consigo largar um em detrimento do outro.
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Despertam seu muito interesse as tecnologias da imagem como câmeras robotizadas, efeitos especiais, etc.?

Não. Mas gosto muito dos movimentos mecânicos: Gruas, travellings, steadycam, mas nada disso é novidade tecnológica certo? 

De qualquer modo, os efeitos visuais discretos despertam meu interesse. Gosto dos efeitos que não são perceptíveis no filme.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Filmes ou series de TV

Filmes ou series de TV que lhe inspiram para se dedicar a isto?


O filme que me permitiu ver o poder do cinema pela primeira vez foi Blade Runner, na cena em que o replicante esmaga a cabeça do próprio criador. 

Na época eu não entendi perfeitamente a cena, mas eu já tinha ficado assustado e impressionado com a força daquela cena.

Nunca me saiu da cabeça a brutalidade e, podemos dizer que a beleza da cena tão cruel. Posso dizer que é o melhor filme de todos os tempos. Blade Runner para mim foi O FILME.

Depois vem a trilogia Qatsi, com destaque especialíssimo para o Koyaanisqatsi, que reassisti mais de 30 vezes. Nunca um filme me impressionou tanto apenas com imagens e música. Fantástico, indescritível. Só assistindo mesmo.

Ontem, veja só, ontem, eu assisti um dos grandes filmes da minha vida, foi “Sonhos” de Akira Kurosawa. 

Um grande filme, comprometido com a lógica real do cinema, extremamente lírico, poético, misterioso.
Fora isso, admiro vários outros realizadores e filmes. 

A trilogia das cores, de Kielowski (especialmente o “Azul”) mexeu bastante com toda a minha forma de pensar.
Em se tratando de séries: Seinfeld, humor genial; a série Roma, produzida pela HBO e claro, Chaves.
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O ator ou atriz recita o roteiro, mas não resulta crível: como o orienta?


Eu peço para não recitar o roteiro. Peço para improvisar. Faço exercícios pedindo diferentes maneiras de falar o mesmo texto. 


Caso a pessoa não consiga, tento parar um pouco a cena, conversar com a pessoa para deixa-la o mais a vontade possível. Existem pessoas que não soam naturais “naturalmente”. 

Muitas vezes é o seu jeito de falar, nesses casos eu exploro o estranho, porque uma coisa é anti natural, falso ou artificial. Outra coisa é estranho, e o estranho no cinema, na maioria das vezes é bom. Busco explorar esse aspecto dos atores, quando eles tem potencial para isso.

Algum ator ou atriz com quem você adoraria trabalhar, e que tipo de personagem lhe propõe como desafio?

Gosto de pessoas desconhecidas que tenham de natureza uma espontaneidade no modo de agir. Não tem ninguém com quem eu gostaria de trabalhar que seja famoso. 

Costumo buscar pessoas entre conhecidos ou em locais frequentados por atores, etc. 

É comum eu topar com pessoas na rua e pensar: “essa pessoa ficaria legal no filme”. Muitas vezes fico reparando no jeito da pessoa, nos maneirismos, no gestual, no modo de falar.

Quando percebo, já estou olhando para a pessoa há um tempão, pode até ficar inconveniente se a pessoa pensar que eu estou querendo paquerar .

nascido em 1981

Você trabalha para um cliente, para a audiência, ou para sua própria aventura criativa?
Gostei da pergunta, e me sinto satisfeito de dizer que trabalho para as duas categorias. Trabalho em prol da minha própria aventura criativa, que é o que alimenta minha alma e meus anseios.

O trabalho que faço sobre minhas idéias é o que me sustenta. Em seguida, trabalho para clientes, fazendo o que pedem, da maneira que desejam e faço também o curso de porcelanato liquido

Acho deprimente quando vejo uma pessoa formada em cinema, ou que aparentemente tinha interesse nessa área, e que quando consegue trabalho em outra área vai em frente e nunca mais volta atrás.

O cinema é uma paixão, não uma fonte de renda, e um homem sem paixões é um homem morto.

O que deve ter um bom roteiro para que lhe interesse?
Acho que a história em si deve ser boa. Mas o mais importante de um roteiro não é apenas uma história bem contada (mas não tiro o valor disso)

a história que desperta meu interesse é aquela que da margens para interpretações variadas, é aquela que abre brechas para que a criatividade do diretor seja trabalhada como um prisma sobre a história original. 

Mas ainda assim prefiro trabalhar com meus próprios roteiros, com minhas próprias histórias. Tenho um grande problema com histórias alheias, dificilmente me sinto a vontade para trabalhar sobre elas.
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Três diretores ou produtores contemporâneos que você admire

Por contemporâneos eu poderia entender muita gente, porque nasci no século 20, então sou contemporâneo de muitos diretores que até já faleceram, mas vou falar dos que est ão vivos.

Gosto do Jim Jarmush, diretor independente americano. Vejo no Cinema dele uma pureza de idéias, um compromisso com a verdade dele, e fora isso, não é um cinema pesado, enfadonho. Ele consegue entrelaçar mistério, poesia e humor em suas obras.

Em Pernambuco há um nascedouro de cineastas, entre eles cito um como grande cineasta Brasileiro, Kleber Mendonça, fez o curta “Vinil Verde” e o longa “Recife Frio”. É um grande diretor, já acompanho seu trabalho há alguns anos.

E por último o grande Steven Soderbergh. Como dizem, ele é o Michael Jordan do cinema. Um cineasta que ocupa diversas funções no set, faz filmes de baixo orçamento que são fantásticos e consegue manter uma produção autêntica, apesar de produzir para a grande indústria.